“Senhora Aupick,
A vós, que me perguntais quem sou, posso dizê-lo.
Mas, correndo o risco de parecer orgulhosa, nenhum leitor de ‘As Flores do Mal´ esquecerá a Vénus negra de Charles Baudelaire, a musa imoral, amaldiçoada, do maior dos poetas malditos.
Sim, sou eu, a bela tenebrosa, a cara indolente, que caminha a compasso, bela de requebros, como uma serpente que dança...”
Jeanne Duval foi a narradora escolhida por Yslaire para, através de uma carta imaginada, nos fazer mergulhar no percurso da vida de Charles Baudelaire – um dos escritores franceses mais importantes do século XIX e um dos percursores do simbolismo – e na relação deste com a sua musa inspiradora.
De Jeanne, a mulher que o poeta mais amou e mais amaldiçoou, quase nada se sabe: as datas do seu nascimento e morte são incertas, tal como incerto é o seu apelido, ou até mesmo a sua origem – provavelmente crioula. Resta uma foto de Nadar não autenticada, retratos desenhados por Baudelaire, e sobretudo os poemas que ela lhe inspirou.
A carta que Jeanne, a «Vénus negra», escreve à mãe do poeta é, pois, o ponto de partida escolhido por Bernard Yslaire para levar o leitor a descobrir uma relação complexa e apaixonada, dura e sensual, destrutiva e luminosa, de amor e de ódio.
Com Menina Baudelaire, que a Ala dos Livros agora apresenta em edição portuguesa, Bernard Yslaire assina a sua obra-prima da maturidade.
O álbum Menina Baudelaire de Yslaire foi galardoado com a melhor edição no Festival Amadora BD 2023